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sábado, 25 de janeiro de 2014

QUANDO A ESCOLA É O ESPAÇO DO INFERNO

O problema da violência na escola é mundial, na Europa a coisa esta cada vez pior, tanto lá como aqui a sociedade tenta buscar os culpados e sempre sobra para  professores e alunos o ônus do problema. No caso da violência desenfreada  é importante lembrar que a escola reflete a sociedade e está sim está cada vez mais doente  com a total falta  ou inversão  valores,desigualdades sociais escandalosas   e a desestruturação familiar  em um ritmo galopante.
" As reflexões de lá são iguais às de cá."
A violência não é um problema exclusivo da escola é o grande desafio da sociedade atual.
O artigo abaixo é um alerta para a sociedade.

QUANDO A ESCOLA É O ESPAÇO DO INFERNO


Quase 1.000 alunos são punidos, suspensos ou expulsos por dia nas escolas. 
Quase 1.000 por dia, alguns com 5 anos de idade!
Por abusos verbais e físicos. 
No ano passado, 44 professores foram internados em hospitais com graves ferimentos.
Diante do quadro-negro, o governo decidiu que professores poderão “usar força” para se defender e apartar brigas.
E poderão revistar estudantes em busca de pornografia, celulares, câmeras de vídeo, álcool, drogas, material furtado ou armas.

Achou que era no Brasil? É na Grã-Bretanha.

Os dados são de um relatório governamental. “O sistema escolar entrou em colapso”, diz Katharine Birbalsingh, demitida do Departamento de Educação depois de criticar a violência nas escolas públicas inglesas. “Os professores acabam sendo culpados pela indisciplina. A diretoria da escola estimula essa teoria, os alunos a usam como desculpa e até os professores começam a acreditar nisso. Eles não pedem ajuda com medo de parecer incompetentes.”

Os alunos jogam a cadeira no mestre, chutam a perna do mestre, empurram, xingam. Ou furam o mestre com o lápis, fazem comentários obscenos, estupram, ameaçam com facas. 
Alguns são casos extremos pinçados pela imprensa. 
Os números na Grã-Bretanha preocupam. 
Mostram que as escolas precisam restaurar a autoridade perdida. 
Muitos professores abandonaram a profissão por se sentir impotentes. 
Educadores mais rigorosos pregam tolerância zero com alunos bagunceiros e que não fazem seu dever de casa.

As reflexões de lá são iguais às de cá. 
A violência nas escolas seria uma continuação do lado de fora, na rua e nos lares. 
A hierarquia cai em desuso. 
Valores e limites, que quer dizer isso mesmo?
Crianças e adolescentes não respeitam ninguém. 
Nem os pais, nem as autoridades, nem os vizinhos, os porteiros, os pedestres, os colegas, as namoradas. 
Há uma falta de cerimônia, pudor e educação no sentido mais amplo.

E aí a culpa é jogada nos pais. 
Por não mostrarem o certo e o errado. 
Não abrirem um tempo de qualidade com os filhos. 
Esquecê-los em frente a um computador ou televisão. 
O de sempre. 
O aluno que peita o professor também xinga os pais. 
Aric Sigman, da Royal Society of Medicine, em Londres, autor do livro The spoilt generation (A geração mimada) , afirma que, hoje, até criancinhas nas creches jogam objetos e cadeiras umas nas outras. “Há uma inversão da autoridade. Seus impulsos não são controlados em casa. É uma geração mimada que ataca especialmente as mães”, diz ele.

Muitos professores abandonam o ensino por se sentir impotentes diante da violência dos alunos

E o que o governo britânico faz?
Manda o professor revidar. 
Até agora, ele era proibido de tocar no aluno, mesmo ao ensinar um instrumento numa aula de música.
A nova cartilha promete superpoderes aos professores. 
Mestres, usem “força razoável”, vocês agora têm a última palavra para expulsar um aluno agressivo, revistem mochilas suspeitas. 
Dará certo? Não acredito. 
Sem diálogo e consenso entre famílias, escolas, educadores e psicólogos, esse pesadelo não tem fim.

No Brasil, a socióloga Miriam Abramovay, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), admite que os professores passaram a ter medo. Numa pesquisa para a Unesco em Brasília, em 2002, um depoimento a chocou: “Um professor me disse que ia armado para a escola. Como se fosse uma selva. Isso mostra total descrença no sistema”.
Ela acha que o Brasil está investindo dinheiro demais em bullying, mas esquece todo o resto: “Nossa escola é de dois séculos atrás”. 
Os ataques aos professores não se limitam à sala de aula. Carros dos mestres são arranhados, pneus são furados. 
Eles não têm apoio nem ideia de como reagir. 
Muitos trocam de escola ou abandonam a profissão.

Quando Cristovam Buarque era ministro de Lula, tinha, com Miriam, um projeto nacional de “mediação escolar” para prevenir conflitos, melhorar o ambiente e estimular o aprendizado. 
“Paulo Freire dizia que a escola era o espaço da alegria, do prazer, mas assim ela se torna o espaço do inferno”, diz Miriam.
O projeto não vingou. Cristovam abandonou o barco por sentir que Educação não era prioridade nos investimentos. E continua não sendo. Deveria ser nossa obsessão. 

Artigo de Ruth de Aquino - é colunista da Revista Época
Publicado nesta semana 18 de julho de 2011 - pág.130 
E-mail: raquinho@edglobo.com.br

SECOM/CPP 
FONTE:http://www.cpp.org.br/noticiascpp.php?id=3060

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