A escola tem que se preocupar em formar cidadãos, pessoas que pensem

MUITO INTERESSANTE ESTA ENTREVISTA DE ZECA BALEIRO ...VEJA:

O cantor e compositor Zeca Baleiro, considerado atualmente um dos maiores destaques da música nacional, conversou com o Diário na Escola e nos contou sobre lembranças, experiências e inquietações escolares. Ele, embora viva um ritmo intenso de trabalho, devido a shows que realiza por todo país, mostra-se um pai atuante na vida escolar de seus filhos Manuel, 8, e Vitória, 10, mas defende uma educação mais lúdica e criativa, e dispara: “Se eu pudesse abolia a sala de aula”

Por uma escola mais excitante

Eu tenho filhos na idade escolar, e acompanho na medida do possível. Sei que a escola é uma empresa e precisa se encaixar nas regras. Concordo que a criança precisa aprender frações, normas gramaticais e contas. E imagino não ser fácil ser professor num tempo de celular, MP3 e Internet. Eu não gostaria de estar na pele deles. Mas, embora a escola tenha melhorado, continua muito careta. Não defendo uma escola “ripona”, mas poderia ser mais excitante, instigante, uma escola, por exemplo, que ensinasse minha filha a gostar de matemática.

Abolir a sala de aula

Sabe o que eu acho? Se fosse um dia ter um delírio de fazer uma nova escola, eu abolia a sala de aula. Faria uma coisa mais lúdica, que desde o início já integrasse mais a criança. Acho a sala de aula opressora. Eu lembro no meu tempo, eu era muito tímido. A professora me chamava para ir ao quadro negro, aquele corredor para mim tinha um peso de uma condenação. Eu ia tremendo, chegava tremendo e voltava tremendo. Eu acho que isso só expõe uma competitividade desnecessária.

Um bom professor faz milagres

Eu penso que talvez, o professor seja muito mais definitivo na formação do aluno do que a escola. Quando o professor é especial, e ainda há gente que ama a profissão, ele pode operar milagres. Eu não tenho muitas lembranças da minha experiência escolar, quando era pequeno minha cidade foi devastada por uma enchente. Meu pai era dono de farmácia e perdeu tudo. Tivemos que mudar de escolas, cidades, várias vezes. Mas lembro de um professor de literatura, chamava Furtado, tinha um conhecimento incrível, mandou a gente ler e fazer um trabalho sobre um livro: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, depois dessa experiência passei a ser outra pessoa. Devo isso a este cara.

Família e livros

Meu pai sempre foi, e ainda é um leitor compulsivo. Embora já esteja com 85 anos lê de tudo. Ele botava os clássicos todos para gente ler. Às vezes eu largava o livro pela metade, mas foi ele quem despertou em mim o gosto pela leitura. Hoje, vou com meus filhos e minha esposa a livrarias, lemos com eles e pedimos pra que leiam pra nós também. Eles gostam muito de ler, ainda bem! A escola incentiva bastante, mas nós estabelecemos a leitura de pelo menos um livro por mês.

A leitura do jornal em sala de aula

Acho bacana. Acho que muito mais do que se preocupar com esse compromisso pedagógico, a escola tem que se preocupar em formar cidadãos, pessoas que pensem. Acho até mais importante do que ser bom em matemática. Especialmente em meios onde a carência cultural de livros é maior, o jornal acaba sendo um modo mais democrático de leitura.

A influência da tevê na formação da criança

Aí depende, também, de um certo controle que os pais devem ter. Hoje, acho inclusive que a Internet tem mais poder do que a televisão. É mais perigoso. Porque a televisão presumi-se que tenha um certo bom senso na programação. A internet não, está o mundo todo ali. Se meu filho quiser acessar um site pornográfico, basta que eu não esteja lá. Inclusive, aconteceu esses tempos. Um coleguinha foi passar um dia lá em casa e a gente não estava. Quando voltei fui ver lá no histórico, que eu fiscalizo, lógico, e estava registrado uns dois sites “barra pesada.” …
EU TENHO ÉTICA!
FONTE:http://maringa.odiario.com/blogs/odiarionaescola/2011/02/21/zeca-baleiro-quer-escola-mais-excitante/#more-1752