CONHEÇA MEU BLOG PAPO DE PROFESSOR...TE ESPERO LÁ!!!!
http:papodeprofessor.blogspot.com

Também estamos no Face book : "professores mediadores conectados" e " papo de professor"

quinta-feira, 12 de abril de 2012



CRÔNICA

UMA ESCOLA CRIATIVA DIZ MENOS “NÃO” (Celular na sala de aula...)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
          Ontem vi um cartaz na Escola Senador Canedo que dizia: “é proibido mini-saia e micro-saia” [sic]. A pesar da escrita não está nos padrões do acordo ortográfico, mas ficou extremamente claro o recado taxativo. Infelizmente eu não sei qual a diferença entre os dois tipos de saia e creio que muitos não saibam, porém o que importa é a intenção proibitória, objetivando tornar o ambiente escolar “respeitoso” e “moralista”. Esse não seria exatamente o tipo de cartaz que eu aconselharia a colocar em escola alguma, nem de brincadeira! Mas, o apelo fora feito e eles devem ter seus motivos plausíveis. Até porque, tem quem goste.

          Assim falando, talvez não vá me entender facilmente, mas o que tenho em mente sobre o assunto vale a pena pensar. Parece verdade que assim alguém está tentando impedir a manifestação de autoestima das adolescentes. E cada vez que se impede de revelar, expor, evidenciar o mais precioso e cobiçado que elas acham que têm: um corpo jovem e bem delineado; mais as faz acreditar não ter valor aos olhos dos outros. Sentem-se tão sem identidade que por isso tentam através das vestimentas “míni” uma busca de reconhecimento. As escolas deveriam trabalhar mais com o “sim” que com o “não”. Dizer sim ao intelectual dessas meninas ao invés de dizer não às suas manifestações do vazio interior. Assim elas passam o tempo todo, procurando driblar as circunstâncias, debatendo-se para decidir o que vestir, enquanto deveriam estar decidindo que atividade escolar fazer primeiro.
          Todo trabalho da escola deveria ser construir ou restaurar o verdadeiro senso de valor e dignidade nos jovens, não estou querendo dizer que é papel da escola incentivar que eles andem pelados, mas dá prioridade ao amor acolhedor, ensinar o caminho da intelectualidade, como usufruir das relações saudáveis, e andar sabiamente, quem sabe assim eles cheguem a conclusão que deva expor mais roupagem e menos corpo nu?
          A escola é a comunhão da cultura de todos os lares ali representados, e ela existe para preparar academicamente o indivíduo para retornar um técnico à sociedade. Formar cidadão para vida é discurso irresponsável de quem não consegue fazer nem uma coisa e nem a outra, educar para a vida é responsabilidade da família, com seus princípios culturais. Talvez a escola pública é o que é, por está sobrecarregada com a dupla função, tomou as responsabilidades da família e não faz bem nem uma coisa nem a outra. Mas, ela deveria, pelo menos, restaurar a autoestima dos jovens que ela mesma destruiu, pois não sabem ler nem escrever, não passam em concursos concorridos, desempregados e com outras deficiências acadêmicas, procuram nas bijuterias e na nudez a admiração social. A Prova Brasil e  a Saeb pegaram as escolas públicas goianas de “calça curta”, ou melhor, de minissaia, porque o foco educacional tem sido outro: preocupa-se com boné, saia curta, camiseta de time, óculos escuros, aparelho celular. Aliás, uma escola que proíbe o uso do aparelho celular em sala de aula não tem futuro, pois "Escola de ensino fundamental na China. Uso de notebooks já é realidade em sala de aula desde a mais tenra infância" (http://planetainteligente.blog.terra.com.br/2009/04/10/como-sera-a-escola-do-futuro/) (10/04/2009). Conheço duas professoras que usam didaticamente o aparelho celular, uma de matemática incentiva o manuseio da calculadora do aparelho, a outra de sociologia criou a “colinha educativa”, permitindo que os alunos escrevam no celular. Uma escola criativa diz menos “não”.  “E o celular é isso, é uma forma de transmitir conhecimento.   Claro   que algumas escolas proíbem porque não sabem o que fazer com o aparelho.” – Nathalia Goulart ( http://preparandoredacao.blogspot.com/ ).
          Adotar e fornecer um uniforme constitui-se um filtro sutil para resolver pelo menos que os ranços domésticos, nesse assunto de vestimentas, interfiram na escola. Termino com as palavras da psicóloga Élide Camargo Signorelli: “uma verdadeira preparação para a vida reservaria lugar para certo despreparo no sentido de se estar aberto para o desconhecido e para os mistérios”.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 16/06/2009
Código do texto: T1652194

Um comentário: